SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um novo terremoto atingiu o oeste do Afeganistão, perto da fronteira com o Irã, na manhã deste domingo (15), deixando pelo menos um morto e dezenas de feridos. Ocorrido às 8h06 do horário local (0h36 em Brasília), o sismo de magnitude 6,3 é o terceiro a afetar a região em dez dias o primeiro, em 7 de outubro, deixou mais de 2.000 mortos.
O sismo atingiu uma região a 33 km de Herat, na província de mesmo nome, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês). O diretor do hospital regional, Abdul Qadeem Mohammadi, disse à agência de notícias AFP que ao menos 93 pessoas ficaram feridas.
Enquanto isso, as autoridades locais avaliam a destruição na área mais próxima do epicentro. Segundo o Centro Sismológico Europeu-Mediterrâneo, o terremoto deste domingo ocorreu a uma profundidade de dez quilômetros da superfície.
Embora alguns dos moradores de Herat já tenham voltado para suas casas, a maioria deles ainda dorme ao ar livre uma semana após o primeiro sismo, por medo de novas ocorrências. O comerciante Hamid Nizami, 27, afirmou estar agradecido pelo fato de o terremoto ter ocorrido durante o dia, quando as pessoas estavam acordadas. “Muitos dos nossos compatriotas não têm onde viver, e as noites são muito frias.”
Herat é considerada a capital cultural do Afeganistão. Lá vivem cerca de 1,9 milhão de pessoas, segundo dados do Banco Mundial de 2019.
O terremoto de 7 de outubro, também de magnitude 6,3, foi seguido por oito tremores secundários, que derrubaram fileiras de residências no campo e ferindo centenas de pessoas. O porta-voz do Ministério de Desastres do regime afegão, Janan Sayeeq, havia afirmado inicialmente que 2.053 pessoas tinham morrido e 9.240 ficado feridas em decorrência do fenômeno.
Nesta sexta-feira, porém, a administração alterou os números para cerca de mil mortos e 2.000 feridos, acrescentando que os valores anteriores tinham sido baseados em estimativas.
Quatro dias depois, com milhares de residentes aterrorizados ainda sem abrigo e voluntários em busca de sobreviventes, outro tremor de mesma intensidade matou uma pessoa e feriu mais 130. Mais de 90% dos mortos nos terremotos eram mulheres e crianças, segundo informou o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na quarta-feira passada (11).
Segundo a ONU, mais de 20 mil pessoas foram afetadas pela emergência. Pelo menos seis cidades rurais do distrito de Zenda Jan foram completamente arrasadas.
Os afegãos enfrentavam uma crise humanitária mesmo antes do terremoto, em decorrência da retirada generalizada da ajuda estrangeira após a volta do Talibã ao poder em agosto de 2021. Desde então, o grupo tem empregado medidas que refletem sua visão extremista do islã, em especial contra mulheres.
O Afeganistão sofre terremotos com frequência, especialmente na cordilheira Hindu Kush, perto da junção entre as placas tectônicas da Eurásia e da Índia.
Esta foi a segunda grande sequência de terremotos a atingir o país em menos de dois anos. Um terremoto no leste do Afeganistão ocorrido em 2022 matou mil pessoas e feriu centenas. Em 2005, pelo menos 73 mil pessoas foram mortas por um tremor de magnitude 7.6 que atingiu o Paquistão. Em março deste ano, um terremoto de magnitude 6.5 matou 13 pessoas no Afeganistão e no Paquistão, perto da cidade de Jurm, no nordeste do país. (Folha de São Paulo).
Imagem reproduzida/Cruzeiro Sul